quarta-feira, 27 de abril de 2016

Odisseia

O casebre era de pau a pique. O telhado de palha nem sempre era capaz de conter as chuvas escassas. Mas Ulisses, sua mulher e seus 3 meninos, não reclamavam da vida. Sempre tinham o que comer, pois a horta era farta, já que o riacho que passava próximo à propriedade sempre tinha água, mesmo nas épocas mais secas e com pouquíssimas chuvas.

Tinham uns poucos animais; um boi e uma vaca, dois bezerros nascidos no último ano, uma cabra e um bode velho, um jumento e também uma dúzia de galinhas.

Ulisses dividia seu tempo entre cuidar da horta e dos animais e ensinar aos filhos a labuta diária. Levantavam antes do sol, sempre com o cantar nem tão imponente do galo velho que se achava o rei do pequeno galinheiro. O pai ensinava os meninos a ordenha, catar os ovos, arar a terra, plantar e colher o que a horta lhes dava.

Depois do almoço era a vez da mãe ensinar os meninos a ler e escrever, bem como um pouco de matemática. Não tinham escola perto. Helena havia estudado até o colegial, antes de se casar com Ulisses e considerava importante ensinar os meninos. Eles adoravam e de vez em quando, Ulisses trazia alguns livros velhos que arrumava na cidade, quando ia montar uma barraca na feira para vender o excedente da pequena produção.

À noite, deitavam cedo, já que não tinham televisão. De vez em quando dormiam mais tarde, quando no escuro, para não gastar óleo para acender os lampiões, acompanhavam pelo radinho de pilha algum jogo do Bahia.

A propriedade ficava a cerca de 200 metros do mar e o que Ulisses mais gostava era de sair para pescar em sua jangada. Quando saia para o mar, experimentava as melhores sensações de sua vida. Encarar as ondas da arrebentação, ganhar o mar aberto e partir em busca dos peixes era desafiador e era isso que mais o excitava. Em breve não sairia mais para o mar aberto sozinho, já que seu menino mais velho ia fazer 10 anos e já estava pronto para pescar junto com o pai.

Naquele dia, saiu bem cedo. Ainda estava escuro quando deixou o casebre. Caminhou os 200 metros fumando um cigarro de palha e carregando a pesada sacola com as tralhas de pesca. Chegou até a jangada, ajeitou tudo de que iria precisar, amarrando os equipamentos ao barco para evitar que caíssem e se perdessem no mar ao enfrentar a rebentação e puxou o barco para a água, bem quando o sol ia se levantando no horizonte.

Ulisses não fazia a menor ideia do que o esperava naquela pescaria!

Continua...

(A ideia é brincar com o clássico grego Odisseia e surgiu deste quadro que tenho na sala de casa)



quarta-feira, 20 de abril de 2016

Depois de alguns copos!



Todo dia eu ligo a televisão

Crime e castigo
Corrupção
Verdade e amor são mera poesia
O fogo da alma é só uma luz fria

 
Fico assim, sem pensar

Onde está minha coragem
De encarar essa apatia
Evitar


Utopia:

Sonho que se sonha só
É só um sonho que se sonha só!
Mas sonho que se sonha junto
É realidade!
 

O que eu quero
Eu vou conseguir!
O que eu quero,
Na marra,
Eu vou conseguir!
Pois quando eu quero e todos querem
Todo mundo pede mais!
E pede mais!
E pede bis!
 

Seja você a mudança que tanto deseja para o mundo!
 
(Um pedaço de uma música que nunca chegou a ser tocada de uma banda que tive no passado! Sonhos que tenho para um mundo melhor! Sonhos que um roqueiro baiano sonhou há muito tempo! E a receita para que esses sonhos se concretizem dada por esse mesmo roqueiro. Por fim um pensamento meu; quem sabe uma lição de vida para muitos! Desculpem a viagem, mas tudo isso foi escrito depois de alguns copos!)

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Pornografia


Pornografia

Sem sexo

Essa vida

Sem nexo

Reflexo complexo

Dessa existência fútil

Inútil

Busca incessante

Estressante

Massacrante

Dinheiro

Poder

Felicidade que nunca chega

Não basta

Foder

Sem sexo

Sem nexo

Só pornografia

(Hoje vamos de poesia! E em breve teremos alguns colaboradores escrevendo sempre às segundas-feiras! E é uma galera fera nas poesias, contos e "causos"! Aguardem!)

quarta-feira, 6 de abril de 2016

A Ilha - parte 2 (leia antes a primeira parte publicada em 09 de março)


O acampamento foi levantado na praia, muito próximo às arvores gigantes que compunham a maior parte da paisagem da ilha. Alex não descansou um minuto sequer até que tudo estivesse pronto. Em meio à correria, ela avistou Kurt sentado em uma rocha, O charuto que sempre estava em sua boca, mesmo quando apagado, emitia agora um cheiro forte, doce e uma fumaça espessa. Ele parecia muito distante, perdido em pensamentos. Alex se aproximou devagar:

- E então capitão, achou mesmo que não iríamos encontrar esse lugar?

- Sinceramente, Alex, achei que era apenas um sonho maluco seu. Mesmo você mostrando por meio de cálculos e outras evidências que essa ilha poderia ser real, jamais acreditei nisso. Acho que eu tinha medo de que realmente a encontrássemos. E agora que estamos aqui, olhando para essas árvores e ouvindo esses sons estranhos que vêm da floresta, meu medo está ainda maior!

- Não posso negar que esse lugar me assusta! Mas já parou pra pensar na descoberta que fizemos? Aparentemente este lugar está parado no tempo! Essas árvores são do período paleolítico e os sons que estamos ouvindo podem até mesmo ser dinossauros! Vivos! Esse lugar pode ser um elo importante para conhecermos mais a história da humanidade e entender a evolução! Essa expedição será comparada a expedição feita por Charles Darwin!

- Entendo tudo isso, Alex! Mas minha razão não me deixa relaxar! Temos que ficar atentos o tempo todo. Ainda mais se isso que você acabou de dizer for verdade. Lembre-se: a maioria dos dinossauros era predadores ferozes pelo que conhecemos! – ao dizer isso, Kurt soltou uma risada. Tensa ,mas uma risada.

Antes que Alex pudesse continuar o papo, um japonês saiu gritando freneticamente da maior barraca que estava montada no lado oposto de onde se encontravam Alex e Kurt. Era Hirata, técnico em rádio e especialista em radares.

- Venham, venham! Vocês não vão acreditar nisso! Venham rápido!

Alex e o capitão correram ao encontro de Hirata e ele os conduziu afobado até a barraca onde estava montado o centro de rádio do acampamento.

- Olhem ali, nos radares! É uma formação de aviões! Está vindo em direção da ilha!

- Certo Hira, mas o que isso tem demais? – perguntou Kurtsman.

- Escutem só isso -  disse Hirata e girou um botão no rádio.

Vozes, falando em um idioma que parecia japonês. As vozes eram dos pilotos dos aviões que apareciam nos radares. Mesmo após o técnico explicar isso, Kurt ainda estava cético.

- Por que essa empolgação toda com pilotos falando em japonês Hira? Só porque encontrou conterrâneos nesse final de mundo?

- Não capitão -  interveio Alex – O conteúdo das mensagens é que é perturbador! Mas não adianta eu te dizer, pois você não vai acreditar! Venha! Venha ver para crer!

Ela pegou o capitão pelo braço e o conduziu para fora da barraca. Ao leste, bem ao longe, já dava para ver a formação de aviões se aproximando. O barulho dos motores foi crescendo menos de 5 minutos depois o capitão Kurtsman e outros membros do grupo olhavam para cima boquiabertos.

Oito Mitsubishis Zero passaram voando sobre a praia.

- Meu Deus! – disse o capitão com lágrimas nos olhos – São aviões da Segunda Guerra Mundial?