quarta-feira, 29 de junho de 2016

Microconto Interestelar (baseado em músicas de Pink Floyd)


Após entrar no buraco negro, o astronauta voltou a ser humano. Só não teve consciência disso!

(A postagem de hoje é curta, mas espero que gostem! Escutem a música Astronomy Domine do Pink Floyd, leiam o microconto e reflitam sobre ele ao som de Interstellar Overdrive, também do Pink Floyd. Boa viagem! Outra inspiração para esse texto foi "Uma breve história do tempo" de Stephen Hawking. É, acho que estou ficando maluco....rs....estou lendo mesmo um livro de Física!)





sexta-feira, 24 de junho de 2016

Legado

Vi
Vejo
Verei

Fui
Sou
Serei

Aqui só ficarei
Pelo legado que deixarei
Pois um dia
Assim como todos
Pra outro plano também irei

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Guerra na terra do Sol


A noite estava agradável. Do alto da cúpula da Igreja Matriz de São Bento, uma figura feminina sentia a brisa acariciar seu rosto e fazer seus cabelos vermelhos dançarem. Conseguia sentir os odores de toda a cidade. Observando. Esperando.

***

- Boa noite, meu amor! Nos vemos amanhã depois da aula?

- Sim, meu lindo! Você sabe que eu fico com saudades o dia inteiro, todos os dias, né!

Daniel beijou Mariana após deixá-la em casa após comerem um lanche. Ele estava apaixonado e achava que ela também. Haviam se conhecido em um aniversário de um amigo em comum. A conexão foi imediata. Conversaram somente entre eles a noite inteira e trocaram telefones. Já no dia seguinte, tiveram o primeiro encontro e também o primeiro beijo. Foi mágico! Daniel contava as horas todos os dias, para sair do trabalho e encontrar Mariana.

Seguiu seu caminho após ela entrar em casa, caminhando sorridente e assobiando uma canção. Sentia a brisa daquela noite agradável tocando seu rosto. Não imaginava que não veria Mariana no dia seguinte. Nem que talvez não a veria nunca mais.

***

Mariana fechou a porta após se despedir de Daniel. Seu coração batia forte no peito, como todas as vezes em que estava com ele. Tinham uma conexão especial. Espiritual. Era mágico.

Fazia pouco tempo, 3 meses apenas desde que se conheceram, mas Mariana sabia que era pra sempre.

“Se Daniel me pedisse em casamento amanhã, diria sim na hora!” -  pensou sorrindo, enquanto colocava a camisola para se deitar.

Sentiu a brisa suave e fresca daquela noite em seu quarto e percebeu então que a janela estava entreaberta. Nem teve tempo de raciocinar. Alguém a agarrou pelas costas e uma mão com luvas negras segurou um pano embebido em formol contra sua boca e seu nariz. Mariana desmaiou quase imediatamente, sem nem mesmo ter tempo para se assustar.

****

Dario Carvalho estava sentado em sua velha cadeira de balanço. A casa estava totalmente escura. Quem passava pela rua, geralmente atravessava para o outro lado, com medo do grande casarão abandonado bem no centro da cidade. O velho pensava nas consequências de atos há muito tempo esquecidos pela maioria da população da cidade. Mas não por ele, que há 200 anos, teve papel decisivo no desenrolar dos fatos. E agora tudo convergia para o final, com a maldição sendo realizada e ninguém para impedir.

****

A figura feminina no alto da cúpula da igreja Matriz de São Bento avistou Daniel quando ele cruzou o pontilhão sob a linha férrea, onde ficava a antiga estação ferroviária da cidade. De longe percebeu que o rapaz caminhava feliz e totalmente alheio às figuras que o seguiam nas sombras.

Ela havia jurado não interferir nos eventos que estavam por vir, mas o juramento estava prestes a ser quebrado. Ela já deixara inocentes sofrerem no passado, sem saber que faziam parte de um jogo muito maior. Desta vez ela não iria deixar que nenhum mal acontecesse com eles. Ao menos iria tentar.

Continuou observando Daniel e seus perseguidores. A brisa suave da noite agora era um vento forte e gelado.  Nuvens de chuva começaram a surgir no horizonte, trazendo alguns relâmpagos.

***
(Desde jovem quero escrever um livro. Tenho muitas ideias, mas todas guardadas e sem ganhar vida. Fiquei muito tempo sem escrever e voltei no final do ano passado, como quem acompanha o blog já deve saber. Estou "treinando" bastante e estudando um pouco sobre estrutura e escrita criativa. Hoje comecei este texto, sem pretensão e a ideia foi crescendo. Fui ligando uma coisa com outra e agora a pouco, antes do jantar, percebi que esse texto é o embrião do meu primeiro romance. A ideia veio e me apaixonei por ela quase que instantaneamente. Fantasia, mistério, monstros, romance, aventura....esses são alguns ingredientes. Talvez quem for de Araraquara pode já ter uma ideia do que será o pano de fundo da história....e quem sabe quem não for, um dia não se depare com o livro de minha autoria na estante de alguma livraria e conheça um pouco da história (romanceada) de uma cidade média do interior paulista! Vai ser uma longa e inesperada jornada).




sexta-feira, 17 de junho de 2016

De alegrias e de tristezas
Faço poesia

De incertezas, crio atos
Muitas vezes falhos

Certezas não existem
Somente o inevitável beijo da morte
Com sorte demorará a chegar

Da poesia, faço a vida!



quarta-feira, 15 de junho de 2016

O poder das histórias

A noite já havia chegado há algumas horas. Sozinho em casa, eu assistia a um filme de terror com as janelas abertas. O calor estava insuportável e não tínhamos ar condicionado. Nem mesmo um mísero ventilador. Eu estava com uns 16 ou 17 anos e já conhecia a história do filme. Ele era baseado no meu livro predileto do mestre Stephen King: O Cemitério. O título do filme foi esticado: Cemitério Maldito. E acho que é uma boa adaptação. Quase fiel ao livro.

É a história de uma família que se muda para uma cidadezinha pequena, em uma casa próxima a uma estrada com um pesado tráfego de caminhões pesados. O pai, professor universitário, a esposa e um filhinho de cerca de 2 anos. No fundo da casa há uma trilha, que leva até um antigo cemitério de animais. Uma lenda diz que um pouco além, existe um cemitério indígena onde o que é enterrado volta à vida.

O livro é fantástico, muito tenso. Foram vários os sustos com o toque do telefone ou outro barulho qualquer na rua. Mas naquela noite, quando eu assistia ao filme, algo muito assustador aconteceu.

Como disse, estava sozinho em casa. Meus pais haviam viajado. Janelas abertas e o filme no videocassete. É, ainda era nessa época! A história foi se desenrolando. Tudo escuro na casa! Por volta da metade do filme, o pai da família encontra o gato morto na beira da estrada. Mãe e filho estavam viajando também. Para não os decepcionar com a morte do bichano, o pai resolve tentar enterrá-lo no cemitério indígena. E não é que o gato volta!

Então, bem na cena em que o gato aparece em cima da geladeira ou de um armário, com os olhos vermelhos e brilhantes possuídos pelo mal.... Pulei da cama de uma vez só! O coração foi parar na boca e por pouco não saltou ao chão. Foi assustador: dois gatos resolveram se pegar e gritar bem debaixo da janela aberta. Juro por deus, não estou brincando. Quase tive um enfarte!

Até hoje, foi o maior susto que já levei na vida.


(A história é verídica. Me lembrei dela ontem, ao refletir sobre o poder que as histórias tem sobre nós. Um livro é capaz de fazer diversas emoções aflorarem. Ontem terminei de ler O Jogador Nr. 1, de Ernest Cline. Em determinado momento da história, fui pego tão de surpresa por uma cena que soltei um “puta que o pariu” em voz alta. É por isso que amo ler um livro atrás do outro e é esse também o principal motivo que me leva a escrever. Espero que nem que seja um pouquinho só, eu consiga transmitir para vocês algumas emoções. Obrigado por lerem minhas loucuras.)

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Lição (?)


Não seja Jorge
Seja o Dragão!
Não seja a mão,
Que colhe a flor!
Plante o bem.
Seja a semente!

Deseje a felicidade,
Erradique a maldade
De seu coração!

Se receber pedradas,
Devolva-as, lapidadas!
Presenteie
Não revide!

Não seja Jorge,
Nem seja o Dragão!
Seja um cão,
Abane sempre o rabo!
Sorria!



quarta-feira, 8 de junho de 2016

O único e inevitável nocaute! (Muhammad Ali 1942-2016)

Logo ao acordar no último sábado fiquei muito triste. Havíamos perdido mais um ídolo, o incomparável Muhammad Ali. O homem que nunca sofreu um nocaute nos ringues, finalmente beijou a lona. Derrubado por um adversário que um dia irá derrubar todos nós.
Pode até parecer piegas, mas vai-se o homem e fica o mito! Não digo isso apenas pelas lutas incríveis que ele travou nos ringues. Algumas delas, vi em reprises e o cara era realmente fantástico. Como ele mesmo dizia, flutuava como uma borboleta e picava como uma abelha.
Digo que esse homem é um mito por uma história que minha mãe me contou sobre ele quando eu era pequeno. Hoje sei que a história não foi bem do jeito que vou contar para vocês, mas mesmo assim é uma lição e tanto que ele nos ensinou com ela. Foi assim que a ouvi de minha mãezinha e posso dizer que fez parte da formação do meu caráter.
Acho que ele ainda era Cassius Clay. Depois de ganhar a medalha de ouro em uma Olímpiada, Ali teria entrado em um restaurante que só servia pessoas brancas. O atendente foi logo tratando de dizer que negros não eram bem-vindos naquele lugar e pedindo para ele ir embora. Alguém teria informado ao proprietário do restaurante que se tratava de um campeão olímpico, que então falou que neste caso não haveria problema em servi-lo. Ali se revoltou e deixou o restaurante praguejando. Pegou a medalha que trazia consigo e a atirou em um rio, pois ela não iria defini-lo. Ele era negro como todos os outros que não podiam comer naquele lugar por razão de um preconceito imbecil.
A história contada pelo próprio Muhammad Ali é diferente, pois ele foi enxotado do restaurante. Mas o importante é a mensagem que ele nos passou ao atirar a medalha no rio. Ele era uma pessoa, independentemente de cor ou credo. Independente de uma medalha de ouro.
Dia 3 de junho de 2016 perdemos mais um dos grandes homens que passaram por nosso mundo. Perdemos mais um dos bons! Continuamos nós, os maus, que em muitas de nossas atitudes não damos importância ao próximo. Que temos atitudes mesquinhas; não nos colocamos no lugar daqueles que cruzam nosso caminho; que temos preconceitos estúpidos.
Procuro me espelhar em pessoas especiais e mesmo sendo apenas um sonhador, acredito que a partir de nós nasce a mudança em todas as outras pessoas.
Seja você a mudança que tanto deseja para o mundo!


sexta-feira, 3 de junho de 2016

Palavras ao vento

Apenas palavras ao vento
Maldito rebento
De um estupro ideológico
Ilógico
Apenas palavras ao vento

Semeando palavras
em brancas páginas
Buscando lógica onde não há
Apenas palavras ao vento

Sinto o sentido surreal
De ideias banais
Brotando em meus pensamentos
Mais algumas palavras ao vento

Sereno, ao relento
Brado à Lua que me ouça
Mas ela não me escuta
Apenas palavras ao vento

Onipresente, mas inconsciente
Rogo a Deus onipotente
Impotente, não ouço trombetas
Apenas palavras ao vento

(Primeira postagem da nova sessão Poesias Irracionais. Agora além da quarta-feira com contos e crônicas, a sexta será dia das minhas loucuras poéticas!)

quarta-feira, 1 de junho de 2016

A História de Kanrock Dragão da Montanha


Esta é a história de um homem que caminha rumo ao desconhecido. Sem saber os motivos que o levam a isso, mas com uma certeza; deve continuar em frente. A história aqui contada foi, e continua sendo escrita por Norhorn Coração de Aço.


Capitulo I - Um nascimento; um desafio.


A escuridão era quase total nas montanhas da região de Sang naquela noite fria. Somente era possível enxergar o recorte dos grandes picos no horizonte, quando os olhos dos Deuses brilhavam em relâmpagos. O estrondo dos trovões era ensurdecedor, mas não encobria o “uivo” dos ventos, que castigavam as rochas impiedosamente. Na pequena vila de Sangren, que ficava mais ou menos na metade da encosta, uma modesta cabana, um pouco mais afastada, lutava para permanecer em seu lugar. E havia outra luta acontecendo lá dentro; a luta de uma mulher contra a dor do parto.


Os gritos eram uma mescla da dor com o desespero. O desejo de que tudo em volta não mais existisse era um dos únicos pensamentos que Alliora Estrela da Manhã conseguia ter. Um dos únicos porque havia algo mais em que ela pensava; a morte.


Não tinha sido assim em seu outro parto, quando ela deu à luz ao primeiro; aquele que levaria consigo o destino de uma família. Beldalis Vento da Montanha era seu nome, e ele teria um papel muito importante no destino daquele que viria ao mundo em uma noite escura de tempestade. A dor havia sido menor e tudo havia acontecido num curto intervalo entre duas brisas. Mas agora, até mesmo Beldac Montanha Escura, parecia estar com medo. Seus olhos estavam fixos, imóveis, assustados. Nem mesmo os gritos de sua bela e amada esposa pareciam tirá-lo do transe em que estava. Via a morte, que respondera aos chamados de Alliora. Tudo estava perdido.



Então, um forte vento abriu a porta com violência e a escuridão foi extinta novamente por alguns segundos, quando um raio atingiu uma árvore próxima. E com a luz, uma esperança surgiu. Beldalis estava voltando, e com ele vinha Norhorn Coração de Aço, irmão de Alliora.
Beldac, então, pareceu sair de seu transe e dirigiu-se rapidamente até a porta, bloqueando a entrada dos dois. E com uma voz sombria disse que Norhrn não era bem-vindo em seu lar:

- Não ouse se aproximar, você não deve interferir no destino. Você já tentou uma vez, quando quis impedir que eu me casasse com ela. Agora ela é minha esposa, está em minha casa e não há nada que você possa fazer. Se a morte tiver que levá-la junto com meu segundo filho, é assim que tem que ser.


Norhorn levantou a cabeça e olhou profundamente nos olhos dele.


- Você e suas palavras sobre destino. Quem é você para falar sobre uma coisa que não entende?

Empurrou Beldac, entrou na cabana em silêncio e dirigiu-se até o leito. Sentia a dor e o desespero de sua irmã cortando o ar. Isso feria seu nobre coração.


Ajoelhou ao lado da cama e começou a falar em uma língua desconhecida. Suas palavras eram doces, mas em alguns momentos pareciam desafiar alguma coisa. Por cerca de cinco minutos ele continuou falando e a paz foi tomando conta de Alliora, que adormeceu. O choro de uma criança cortou o silêncio, que agora era absoluto, mesmo com a tempestade que castigava a região. Norhorn pegou a criança recém-nascida e a ergueu.


- Minha querida irmã, você trouxe mais um menino ao mundo. E do mesmo modo que a chegada dele foi difícil, também será assim a jornada. Ele precisa de um nome que lhe traga força e confiança. Ele será Kanrock Dragão da Montanha e assim terá a força e resistência das rochas destas terras e a sabedoria e inteligência dos grandes dragões que habitaram este mundo em eras passadas.


Beldac interrompeu furioso.


- Como ousa querer nomear aquele que tem meu sangue, ferreiro insolente.

Alliora respondeu com firmeza.

- Ele também tem o meu sangue, que corre da mesma forma nas veias de meu irmão. E se não fosse por Norhorn nem eu e nem seu segundo filho estaríamos aqui agora. Então, como mãe, faço minhas as palavras de meu irmão. Kanrock Dragão da Montanha será o nome dele.

- Se assim o quer, minha amada Alliora, assim será então. – respondeu Beldac se virando e caminhando para fora da cabana com um brilho sinistro nos olhos – Assim será!

Enquanto se afastava, dirigindo-se para o centro da vila, dois raios simultâneos atingiram as árvores que ficavam ao lado da casa.

+++ 

 (Este texto foi escrito em 2006, quando eu estava criando uma personagem para uma campanha de Dragonlance - RPG medieval. Hoje resolvi reeditá-lo e compartilhá-lo com vocês. Essa campanha foi épica, principalmente porque os jogadores criaram personagens fantásticas, com profundidade de detalhes e o mestre soube "encaixar" muito bem os detalhes de cada um deles na história. Ainda penso em desenvolver essa história de Kanrock, talvez em um conto ou então uma noveleta - apesar de várias ideias, ainda estou tímido para tentar escrever um romance)