Podia ver a luz do sol alguns metros à frente. Ainda faltava
um pouco, mas estava quase chegando ao destino. O calor sufocante e os
mosquitos e outros insetos deixaria de ser um problema em breve.
Seu rosto estava arranhado e alguns ferimentos ainda sangravam.
Foram provocados por galhos quando adentrou a densa floresta após o término da
trilha. Podiam achar que ele era louco, mas não queria dividir seu sonho com
ninguém. Então, partiu sozinho.
Deixou os últimos galhos e árvores para trás. E viu-se
defronte à um enorme penhasco. Um pouco à direita do outro lado, uma enorme
queda d’água descia como um véu. Seus olhos brilhavam.
Não localizou a ponte que deveria estar ali. Ao menos não
imediatamente. Mas olhando com mais atenção, viu seu próximo desafio, um pouco
à esquerda. A travessia exigiria muita, mas muita coragem.
A ponte era feita de cipós e galhos. Tinha cerca de 70
metros. E devia estar ali há muitos anos.
Prendeu uma corda de segurança em uma árvore próxima. Mas
era apenas uma falsa segurança. Se a ponte não resistisse, mesmo com a corda
ele poderia se ferir e estava sozinho. Poderia acabar morrendo pendurado, sem
conseguir voltar. Sangrar até a morte ou o pior dos casos, morrer de fome.
Deu o primeiro passo! A ponte balançou, mas aguentou o peso.
Um passo de cada vez, avançou. Mesmo com a ansiedade
aumentando por estar tão próximo ao seu objetivo, tentava manter a calma e
caminhava lentamente. Chegou à metade da ponte sem problemas. O som da
cachoeira aumentava a cada passo.
Mais um passo...
Sentiu a perna afundar quando a tábua em que pisou se
rompeu. O coração disparou quando pensou que sua travessia tinha chegado ao
fim. A ponte iria se quebrar com sua queda e ele não iria conseguir se segurar.
Iria virar um pêndulo e bater com toda força nas pedras do precipício.
Mas foi somente um susto. A ponte resistiu, se segurou e
conseguiu se levantar e continuar. Ainda com mais cuidado, continuou o avanço.
Chegou ao outro lado suando muito e bastante ofegante.
Há poucos metros dali, estava a queda d’água. Ele sabia que
ali iria encontrar a passagem para o seu sonho. Poucos passos o separavam dele.
Ouviu um zumbido e imediatamente levou à mão ao lado do
pescoço. Algum inseto o picara. Começou a sentir tontura e enquanto perdia os
sentidos, conseguiu pegar o inseto e arrancá-lo da pele. Ao levar a mão para
frente do rosto, viu que não era um inseto. Em meio à nevoa que se formava enquanto
seus sentidos o abandonavam viu o que parecia ser um dardo de madeira.