Sempre que precisava entrar em um
elevador, Pedro começava a suar frio. As pupilas dilatavam e suas pernas não
queriam mais obedecer. Quando eram poucos andares, cinco ou seis, Pedro sempre
subia pelas escadas. Era melhor suar devido ao esforço do que correr o risco de
até mesmo se mijar, tamanho era seu medo. Naquele início de noite chuvoso,
Pedro tinha de ir até o 23º andar. Não havia escapatória. Sozinho no saguão
escuro do prédio de escritórios, apertou o botão que chamava o elevador.
O barulho das correntes cortou o
silêncio e alguns relâmpagos iluminaram por alguns instantes a placa de aviso: “Antes
de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se neste andar”. O trovão
distante fez o coração de Pedro disparar.
Após o sinal sonoro indicando a
chegada do carro, a porta dupla finalmente se abriu, convidando Pedro a entrar.
Rezando mentalmente para seu anjo da guarda, ele deu dois passos à frente,
virou-se e apertou o botão para o 23º andar. As portas se fecharam e o elevador
iniciou suavemente a subida. Pedro suava cada vez mais.
Os andares foram passando e Pedro
suando. Aos poucos o elevador começou a chacoalhar de maneira anormal. O
coração de Pedro já estava quase saltando do peito. Repentinamente, tudo parou
e as luzes se apagaram. Junto ao grito, Pedro também liberou o conteúdo da
bexiga.
No 23º andar, Jorge esperava.
Queria ir para casa, mas ainda havia essa última reunião com o rapaz da agência
de publicidade. Jorge esperou, esperou e esperou. Pedro nunca desceu do
elevador. A última vez que as câmeras de segurança o filmaram, foi entrando no
aparelho. Nas câmeras internas, apenas estática.
Desta vez o medo de Pedro se
concretizou. “O Mesmo” finalmente veio buscá-lo e o levou para o além.
Para Pedro, Pedro para!
ResponderExcluirGostei Dú, muito bom o texto. Parabéns!
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