quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Pedro e o elevador


Sempre que precisava entrar em um elevador, Pedro começava a suar frio. As pupilas dilatavam e suas pernas não queriam mais obedecer. Quando eram poucos andares, cinco ou seis, Pedro sempre subia pelas escadas. Era melhor suar devido ao esforço do que correr o risco de até mesmo se mijar, tamanho era seu medo. Naquele início de noite chuvoso, Pedro tinha de ir até o 23º andar. Não havia escapatória. Sozinho no saguão escuro do prédio de escritórios, apertou o botão que chamava o elevador.

O barulho das correntes cortou o silêncio e alguns relâmpagos iluminaram por alguns instantes a placa de aviso: “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se neste andar”. O trovão distante fez o coração de Pedro disparar.

Após o sinal sonoro indicando a chegada do carro, a porta dupla finalmente se abriu, convidando Pedro a entrar. Rezando mentalmente para seu anjo da guarda, ele deu dois passos à frente, virou-se e apertou o botão para o 23º andar. As portas se fecharam e o elevador iniciou suavemente a subida. Pedro suava cada vez mais.

Os andares foram passando e Pedro suando. Aos poucos o elevador começou a chacoalhar de maneira anormal. O coração de Pedro já estava quase saltando do peito. Repentinamente, tudo parou e as luzes se apagaram. Junto ao grito, Pedro também liberou o conteúdo da bexiga.

No 23º andar, Jorge esperava. Queria ir para casa, mas ainda havia essa última reunião com o rapaz da agência de publicidade. Jorge esperou, esperou e esperou. Pedro nunca desceu do elevador. A última vez que as câmeras de segurança o filmaram, foi entrando no aparelho. Nas câmeras internas, apenas estática.

Desta vez o medo de Pedro se concretizou. “O Mesmo” finalmente veio buscá-lo e o levou para o além.
 

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