Antes não havia nada. Então eu simplesmente surgi. Em meio à
imensidão do infinito, tomei consciência de minha existência. O que eu era ou
onde estava, não fazia a menor ideia. Então apenas continuei existindo.
Não tinha noção de tempo ou espaço. Eu era tudo e ao mesmo
tempo, eu era o nada. Então, sem ter consciência do ato, me dividi em dois. Uma
consciência nova, independente, com quem passei a conversar sobre nós. Tentando
entender. Mas mesmo assim, não conseguíamos chegar a qualquer conclusão.
Sem me dar conta de que estava irritado com aquela
existência infinita, destruí minha própria criação, minha metade. Havia sido
inútil!
Neste momento de raiva incontida, numa grande explosão de
sentimentos confusos (ou não eram sentimentos?), fez-se a luz.
Dela criei as estrelas, galáxias e planetas. Tentando com
isso entender quem era eu, qual era meu propósito. Nada! Não obtinha respostas!
Então me reparti novamente. Em milhões, bilhões de consciências.
E reuni todas elas em um lugar ao qual acabaram chamando de Terra.
Observando a evolução destas consciências, desses seres
criados a partir de mim mesmo, tentei aprender e chegar às respostas sobre o
que eu era. Mas minhas dúvidas também faziam parte daqueles seres, então tudo
foi em vão mais uma vez.
Hoje decidi me diminuir até tornar-me apenas um daqueles
pequenos pedaços que criei. Me misturar a eles, viver como eles. Será mais uma
tentativa de entender o que sou, a quem minhas próprias criações chamam de
Deus.
Até breve, ou até nunca mais!
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